
HIGHLIGHT BY DNA CASCAIS
Idadismo: o preconceito que afeta talentos de todas as idades
Idade não é limite. É experiência, é potencial, é parte da diversidade humana.
O idadismo, ou preconceito etário, é uma forma de discriminação que ocorre quando a idade é usada para categorizar e limitar pessoas, resultando em injustiças, perda de oportunidades e na quebra da colaboração entre gerações. Apesar de muitas vezes ser associado apenas aos mais velhos, o idadismo pode afetar igualmente os jovens — e no mundo corporativo esse preconceito tem custos elevados, tanto humanos como económicos.
No ambiente empresarial, ele manifesta-se quando candidatos são excluídos de processos seletivos por serem considerados “novos demais” para assumir responsabilidades ou “velhos demais” para aprender novas competências. Em contextos organizacionais, isso pode significar desperdiçar talentos, reduzir a diversidade de perspectivas e comprometer a inovação. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o idadismo é uma barreira real para o aproveitamento pleno das capacidades das pessoas ao longo de todo o ciclo profissional.
Os números são expressivos: globalmente, uma em cada duas pessoas admite ter atitudes idadistas contra idosos; na Europa, um em cada três afirma ter sofrido discriminação por idade, sendo que, curiosamente, os mais jovens reportam sentir este preconceito com maior frequência. No mercado de trabalho, fatores como maior idade, dependência de determinados ritmos de trabalho ou atuação em setores que valorizam excessivamente a juventude, como tecnologia e hotelaria, aumentam o risco de ser vítima. Entre os jovens, ser mulher é um fator adicional de vulnerabilidade.
As consequências vão além das questões individuais. Para as empresas, o idadismo pode traduzir-se em perda de produtividade, diminuição do comprometimento das equipas, erosão da cultura organizacional e impacto direto na imagem corporativa. Em termos sociais, contribui para a insegurança financeira de profissionais mais velhos e para o desperdício de capital humano qualificado.
A boa notícia é que existem estratégias comprovadas para combater este problema. A OMS aponta três pilares: políticas e regulamentos internos que eliminem a discriminação por idade; programas de formação que desconstruam estereótipos e promovam a valorização de todas as idades; e iniciativas que fomentem o contacto intergeracional, incentivando o trabalho colaborativo entre profissionais mais jovens e mais experientes. Empresas que implementam estas ações colhem benefícios diretos, como aumento da coesão das equipas, maior retenção de talento e ganho de reputação no mercado.
O combate ao idadismo, no contexto empresarial, exige uma mudança de mentalidade: é preciso reconhecer que competência, criatividade e capacidade de adaptação não têm idade. Valorizar a experiência, a energia e a diversidade geracional é uma vantagem competitiva. Num mundo em rápida transformação, onde a aprendizagem contínua é essencial, integrar todas as idades é mais do que uma questão de justiça — é uma estratégia inteligente de negócios.
Sara Pinto do Souto





